“O Colecionador” é uma obra-prima da literatura inglesa do século XX, que se destaca por abordar de maneira profunda e angustiante temas como obsessão, posse e poder. Publicado em 1963 pelo autor John Fowles, o livro rapidamente se tornou um clássico e continua a impressionar e provocar reflexões nos leitores até os dias de hoje.
Sobre a história
A história é dividida em duas partes, sendo a primeira narrada pelo protagonista, Frederick Clegg, um homem solitário e tímido que trabalha como funcionário público e é um ávido colecionador de borboletas. Desde o início, o leitor é apresentado à sua obsessão por Miranda Grey, uma jovem e bela artista que ele observa à distância por anos, sem nunca ter coragem de se aproximar dela.
A segunda parte da história é narrada por Miranda através de diários que ela escreve durante seu cativeiro, após ter sido sequestrada por Clegg. Nessa parte, o leitor tem acesso aos pensamentos e sentimentos da jovem, que tenta encontrar uma forma de sobreviver em um ambiente hostil e controlado pelo seu sequestrador.
O livro é uma leitura intensa e perturbadora, que exige muito do leitor. A escrita de Fowles é complexa e bem estruturada, com uma narrativa fluida que prende o leitor desde o início. A construção dos personagens é outro ponto forte da obra, com Clegg sendo retratado de forma ambígua e complexa, alternando entre momentos de empatia e repulsa. Já Miranda é apresentada como uma jovem inteligente e cheia de vida, que é reduzida a um mero objeto nas mãos de Clegg.
Uma das questões mais interessantes do livro é a forma como ele aborda a desigualdade social e as diferenças de classe. Clegg é retratado como um homem de origem humilde, que se sente inferiorizado diante da classe intelectual londrina de Miranda. Sua obsessão por ela, portanto, é uma tentativa de conquistar o que ele vê como o que está acima dele.
No entanto, essa questão de classe é apenas um aspecto da complexidade da obra. Fowles também questiona a natureza humana, a capacidade de uma pessoa de possuir e controlar outra, e a busca incessante pelo poder. Ele utiliza a narrativa para mostrar como essas dinâmicas podem surgir em uma sociedade que se baseia em hierarquias e relações de poder.
Outro ponto interessante do livro é a forma como ele retrata a relação entre o captor e o cativo. Clegg mantém Miranda em cativeiro, mas em nenhum momento ele a agride fisicamente. Em vez disso, ele tenta conquistá-la através de presentes e palavras gentis. Essa abordagem é perturbadora, pois revela como o controle e a manipulação psicológica podem ser tão violentos quanto a violência física.
Adaptação
“O Colecionador” teve uma adaptação cinematográfica em 1965, dirigida por William Wyler e estrelada por Terence Stamp e Samantha Eggar nos papéis principais. O filme recebeu críticas positivas e foi indicado a três prêmios Oscar.
A adaptação está disponível para aluguel e compra em serviços de streaming como o Google Play Filmes e o YouTube Filmes.
Além disso, em 2021 foi anunciado que a Apple TV+ está desenvolvendo uma série baseada no livro, com a produção executiva de Damien Chazelle (diretor de “La La Land” e “Whiplash”) e roteiro de Mark L. Smith (“O Regresso”). Ainda não há previsão de lançamento da série.
Edição da Darkside
A edição da Darkside é um belo exemplo de como uma editora pode valorizar uma obra-prima da literatura. A capa é maravilhosa, e a tradução de Adalgisa Campos da Silva é cuidadosa e preserva a força da narrativa original. O livro também apresenta um prefácio escrito pelo autor, no qual ele explica sua inspiração e sua motivação para escrever “O Colecionador”.
Em resumo, “O Colecionador” é um livro impactante e inesquecível, que faz uma crítica profunda e angustiante da sociedade e da natureza humana. A obra é um exemplo brilhante de como a literatura pode ser usada para explorar questões complexas e provocar reflexões nos leitores. Se você procura por uma leitura intensa e desafiadora, esse livro é uma excelente escolha.
- Autora: John Fowles
- Paginas: 336
- Editora: Darkside
4.8/5
